As marcas da violência e o marketing do medo

Quem seria a Lady Macbeth desse belo País com a garganta cortada? Que mãos invisíveis, tal qual a mortal criação de Shakespeare, tramou em segredo esses ataques e rebeliões? E, pior, será que agora que tudo aparentemente está se acalmando iremos esquecer tudo o que aconteceu como de costume?

Sim, meus receosos amigos, não se trata de uma queda de braço entre crime e autoridades, mas de uma batalha midiática. Uma guerra pelo coração da imprensa. As espadas de sangue duelam por um espaço nos meios de comunicação. E é exatamente isso que querem: medo e impotência. E nada faz mais sucesso que o excesso. E que marketing bem articulado o do medo! Alastra-se como um vírus incontrolável, a procurar penetrar na pele de uma população que não sabe para onde fugir. Se a violência é um vírus, deve ser tratada como uma doença. Mas como curá-la se nossos médicos (autoridades) estão contaminados também?

Imagino o sorriso largo do coringa ao ver as imagens de dor, lágrimas e fogo devorando a alma do País. E isso acontece há muito tempo; nós é que necessitamos entrar em uma máquina da memória para ver esse retrato insano social que se transformou o dia-a-dia. Esse marketing do medo faz dos vilões heróis em suas organizações, verdadeiras empresas. E serve como exemplo negativo para outros criminosos.

E o marketing policial, a quantas anda?

Chega de teorias, debates e equilibrismos jurídicos. É a hora da ação! Precisamos ser hábeis aranhas a confeccionar uma extensa teia para sufocar o crime organizado e o desorganizado. É preciso cortar a cabeça dessa medusa que transforma em pedra nosso desgoverno. Nós andamos de bicicleta e os criminosos em potentes motos.

O que fazer? Unificação das polícias, tolerância zero, reforma do Código Penal Brasileiro, penitenciárias privadas, bloqueio de todos os meios de comunicação – inclusive do uso do celular – dos presos, profissionalização da gestão penitenciária e do Judiciário ou tudo ao mesmo tempo? Que venha o amadurecimento social de que existe o terrorismo no Brasil, e a reação contra as mentes criminosas. Sem piedade, mas com justiça.

Após refletir durante essas noites cruas e espessas com olhos de corvo, imaginei que essa Lady Macbeth não é uma única pessoa ou facção criminosa. É um corpo formado por milhões de pessoas. Os criminosos são os braços e mãos, a mente é a nossa sociedade passiva, o tronco são os políticos corruptos e as pernas bambas, o lento judiciário. O conjunto é o culpado.

Porém, os assassinos de mentes, ou vírus brutal, necessitam de uma resposta à altura.

Sabe, tenho receio de que essa sombria Lady Macbeth entre por uma noite sem fim e me sufoque com as mãos em meu próprio quarto.

Em meu próprio sonho de paz.

 

 

 

Rodrigo Bertozzi

Escritor, nascido em Franca (SP), 35 anos, escreve desde os 20 anos, autor dos livros Elias Poe, Depois da Tempestade, Um Futuro Perfeito, O Despertar, Marketing Jurídico, A Reinvenção da Advocacia e O Senhor do Castelo.