Proliferação de cursos superiores

Ninguém em sã consciência questiona qualquer esforço no sentido da melhora do grau de instrução da população brasileira. Qualquer medida que acarrete na melhora do nível de educação e de instrução é sempre desejada e acompanhada.

Ocorre, no entanto, principalmente de uns 10 anos para cá, que o aumento do número de vagas e da oferta de novos cursos de nível superior não é acompanhado pelo mesmo aumento da qualidade, muito ao contrário, o crescimento da oferta parece ser inversamente proporcional à qualidade destes cursos. Ao mesmo tempo em que a política pública permitiu um grande aumento de cursos e de vagas disponíveis, parece ter esquecido de se preocupar também com a qualidade e com o nível de ensino oferecido. Ou, se as avaliações implementadas e constantemente alteradas servem para isso, não atingiram ainda eficazmente a sua meta.

Para uma crítica mais profunda, vamos nos restringir à nossa área de formação e de atuação, que é a jurídica, mas sem esquecer que este fenômeno se repete nos vários outros ramos do conhecimento. Pois bem, dias atrás a grande imprensa noticiou a catástrofe que foi a aprovação dos candidatos no último exame da OAB/SP. Simplesmente de cada 100 inscritos, menos de 10 obtiveram a nota mínima necessária para poder exercer a profissão de advogado (a aprovação oscilou em torno de 8%). Isso não quer dizer que o exame foi muito rigoroso, muito diferente, comprova a péssima qualidade do ensino oferecido nestes novos e recentes cursos. Os cursos tradicionais, alguns até com mais de centena de anos de existência, mantém um altíssimo nível de aprovação, que oscila entre 80% e 90%. A preocupação é saber o nível do profissional que vai cuidar dos direitos e dos interesses dos cidadãos, ao que parece, alguns mal sabendo ler e escrever.

E no ramo da medicina e da saúde?

Como confiar nos profissionais médicos, sabendo que alguns cursos também deixam a desejar na qualidade de ensino? Cada vez mais chegaremos a ponto de perguntar ao médico ou ao advogado qual a instituição onde se graduou, antes de colocarmos nossa saúde, vida e patrimônio aos seus cuidados.

Ou é isso ou o poder público tem que adotar medidas drásticas, radicais, até fechando cursos sem um mínimo de qualidade. Aliás, o fechamento destas instituições foi uma promessa. Mas até onde a vista alcança isso não vem ocorrendo com a velocidade necessária.

Enfim, devemos estar atentos para que o aumento do número de cursos e de oferta de vagas seja acompanhado de qualidade, senão vamos torcer para voltarem àqueles vestibulares com centenas de candidatos por vaga, que acabam traduzindo um bom nível de curso e de formandos. Hoje, com mais vagas do que procura, a situação é alarmante. Temos visto até promoções e ofertas, como se ensino e educação fosse um par de sapatos.

Isso não é coisa de país que quer ser de primeiro mundo!

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Alberto Rollo e Alberto Luis Rollo

Alberto Rollo e Alberto Luis Rollo são advogados especialistas em Direito Eleitoral