O prejuízo que a eleição vai trazer
Alberto Rollo
Em nenhum momento anterior desta nossa incipiente democracia, tivemos oportunidade de assistir a uma eleição que dividisse tanto, que separasse tanto os eleitores e realçasse antagonismos.
A primeira divisão é de classes. Os mais pobres, das classes sociais mais desassistidas estão prontos para votar no atual presidente. Votarão com suas necessidades básicas, com suas vontades sem sofisticação, votarão para continuar comendo. Votarão no bolsa-família e com a certeza de sua continuidade. Têm dúvidas, revelam esses eleitores, se o candidato principal opositor continuará com tal programa social. Sempre lembrando que o atual presidente e seu opositor foram pródigos, em seus governos, de usas e abusar de programas sociais. Ambos fizeram isso, repita-se.
A segunda divisão é de escolaridade. Os detentores de um padrão cultural maior, de uma formação escolar mais definida votarão no candidato da oposição, com a grande vantagem de que entendem sua mensagem, passada, no horário gratuito, numa linguagem que não é a da maioria dos brasileiros. Os que votarão no atual presidente são, em sua maioria, destituídos de maior acesso à escolaridade, são os que não tiveram condição de conseguir prosseguir seus estudos, são os mais simples, os menos aculturados, que entendem a linguagem do candidato-presidente porque ele fala a linguagem popular, sem rebusques ou sofisticações.
A terceira divisão é geográfica. Passando uma régua no mapa do Brasil, a partir de Brasília, os que ficam abaixo da linha traçada votam na oposição ao atual presidente. Os que ficam acima votam pela reeleição do presidente. Há muita gente que mora abaixo dessa linha imaginária, mas que tem parentes no lado superior dessa linha. É gente que mantém contato entre si e que se dá conta do fato de, mesmo sendo parentes, escolheram caminhos opostos nesta eleição que se aproxima.
É este o Brasil que vem por aí, para ser dirigido por um dos eleitos. O ungido pelo voto popular tentará governar o Brasil a partir das posições radicais e opostas do eleitorado brasileiro. Tentará caminhar pela senda da união para contrariar e erradicar o sectarismo que, ambos os candidatos, aceitaram cultivar nesse último pleito.
Terá dificuldades, sem dúvida. O tecido social está cada vez mais esgarçado. Os antagonismos crescem. Mas, o que se espera é que, vencedor e vencidos se juntem para defender as regras e o trabalho por um Brasil melhor.
De todos os lados envolvidos na disputa há gente que não se importa em ganhar ou perder o pleito. Perdida a eleição, as posições e o dinheiro amealhado, nem sempre com honestidade, ajudarão a que levem uma vida igual ou superior, em qualquer outro país que não o nosso.
Mas, a grande maioria do povo brasileiro aqui permanecerá sendo obrigada a conviver com essas mazelas e esses desacertos a menos que, vencedor e vencidos, se unam pelo bem do Brasil. Deixando de lado as divergências e os sectarismos. É o que se espera!
Sobre o autor:
Alberto Rollo é advogado especialista em Direito Eleitoral e Administração Pública
Redação