Aplicação da regra de preenchimento de vaga por deficiente físico em concurso público deve atender, rigorosamente, aos percentuais ditados em lei. O entendimento da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça consta de decisão que mantém negativa a pedido de portador de deficiência para assumir vaga aberta de agente administrativo, do Município de Tucunduva.
O edital do concurso previa que 20% das três vagas estaria destinada a portadores de deficiência, o que resulta em 0,6 dos lugares a serem preenchidos (relação número de vagas/percentual de reserva).
Assim, o apelante requereu que se procedesse ao arredondamento, para cima, de 0,6 para 1 vaga, o que lhe garantiria a posição, em detrimento de candidato melhor colocado, mas do regime universal.
Princípio da isonomia
De acordo com a Desembargadora Agathe Elsa Schmidt da Silva, relatora, a pretensão fere os princípios constitucionais da razoabilidade e da isonomia. Extraiu trecho de decisão do Supremo Tribunal Federal, tratando de caso análogo, em que o Ministro Marco Aurélio afirma o caráter excepcional da reserva de vagas, diante da regra geral de tratamento igualitário nas provas para concursos públicos.
Disse o Ministro: “Entender-se que um décimo de vaga ou mesmo quatro décimos, resultantes da aplicação de cinco ou vinte por cento, respectivamente, sobre duas vagas, dão ensejo à reserva de uma delas implica verdadeira igualização. (...) Essa conclusão levaria os candidatos em geral a concorrerem à uma das vagas e os deficientes, à outra.”
A Desembargadora Agathe lembrou que, diante dos 20% impostos pelo edital do concurso municipal de Tucunduva, o apelante só poderia assumir uma vaga se houvesse cinco disponíveis, o que não é o caso.
O voto foi acompanhado pelos Desembargadores Ricardo Moreira Lins Pastl e João Carlos Branco Cardoso. A sessão de julgamento, realizada nessa quarta-feira (1º/4).
Proc. 70025324690
Como citar o texto:
Fração de vaga não pode ser considerada para preenchimento de cargo por deficiente. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 7, nº 398. Disponível em https://www.boletimjuridico.com.br/noticias/6094/fracao-vaga-nao-pode-ser-considerada-preenchimento-cargo-deficiente. Acesso em 2 abr. 2009.
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