Se a lógica é da cabeça

e o sentimento do coração

Como então ambos se encontram

para fluir a lógica da emoção

Parece extraordinário que

em um certo cenário

O distinto caminho da razão

se utilize para carrear

uma explosão sentimental

de medo, dor ou paixão

Sinto frustrar os que acreditam

sempre possível diferenciar

os tortuosos caminhos da emoção

dos retos percursos da razão

Afinal, a lógica se enxerga

no impulso do sentimento

E para satisfazê-lo,

o procedimento adotado

com zelo, observa

a lógica do sentimento.

A guerra que hoje abala o mundo

é o exemplo profundo

de que a dor e o medo

já bem cedo, enche de razão

para se aniquilar uma nação

E a lógica se enxerga

nos mínimos detalhes

de quem quer dizimar o adversário

Nós que estamos distantes

nem por um instante

vemos razão para os atos de Guerra

Que sempre encerra a inteligência

e inaugura a brutalidade,

a mortalidade, enfim... a irracionalidade

E quanto maior a inteligência

empregada nas armas

menor a indulgência

e sinto que abandonando os predicados

exclusivos dos humanos

quiçá de modo insano agem por instintos.

Por isso a norma deve nascer

do abstrato que prevê o fato

Mas que do ato não se ressente

para que não de repente

a lógica que se empregue

não seja a da razão

Mas da emoção, da dor e do medo

e assim, sem zelo,

deixe de servir

ao ideal de Justiça

para instituir

o mal da vingança.

Lógica sempre haverá

Mas para o Direito e a Legislação

nem toda interessará

senão a que advém do

equilíbrio da abstração,

fundando na real justiça,

a sua realização.

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Como citar o texto:

ASDRUBAL JÚNIOR..A Lógica. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 2, nº 117. Disponível em https://www.boletimjuridico.com.br/artigos/cronicas/520/a-logica. Acesso em 4 mar. 2005.

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