Imagine você chegando em casa em plena sexta-feira ou sábado, ao anoitecer, cansado. Ainda assim, descobre dentro de si uma energia que não sabia onde estava escondida. Afinal, é final de semana! Momento de descansar e também de aproveitar para curtir o tempo que ainda lhe sobra até o início da próxima semana cansativa de trabalho. Então você se programa e, logo mais à noite, decide ir ao "forró" ou a popular "balada", como se fala comumente no Sudeste. O nome que se dá, pouco importa! O importante é você sair para dançar e espairecer. No forró, você dança aqui, dança acolá e, no meio disso tudo, conhece alguém. Esse alguém passa a noite dançando com você e quando menos se espera, estão num ambiente mais reservado (ou não) tendo sua primeira relação sexual. É, as relações evoluem nas baladas na mesma velocidade de propagação de uma notícia falsa no "WhatsApp".

Ainda no mesmo final de semana, no finalzinho do domingo pra ser mais preciso, você, como todo típico brasileiro, liga a TV no fantástico. Enquanto aguarda o sono chegar, se depara com a chamada de uma noticia/denúncia onde se informa a existência de um grupo de pessoas, autodenominados como "CLUBE DO CARIMBO", que estão, como expressão da maior desumanidade possível, quero dizer: maldade mesmo; transmitindo intencionalmente o vírus da AIDS (HIV), justamente nesses momentos de diversão aos finais de semana. Se houve alguma semelhança dessa história com sua rotina no final de semana, o sono deve ter sumido totalmente.

É assustador saber que isso aconteça, não é? Como se não bastasse o crescimento galopante da violência urbana no dia-a-dia e o risco de ser vítima de um assalto, latrocínio, estupro ou até mesmo de uma bala perdida no meio de uma briga, ainda surgem esses "CRIMINOSOS" com essa mais nova ideia que julgam genial. Esses indivíduos estão doentes! Não me refiro aqui ao fato de eles serem portadores do HIV, mas sim de uma doença que talvez a cura seja um tanto quanto improvável nos dias de hoje - O desvio sério de caráter e a falta de valores básicos de convivência social. 

Tais práticas dessas pessoas, muitas vezes belas e dissimuladas, não só são criminosas, pois, uma vez comprovada a materialidade dos atos, esses sujeitos podem responder pelo crime de lesão corporal grave. E por que não homicídio? Já que, em muitos casos, infelizmente o resultado futuro é o óbito. Repito, não somente são atitudes criminosas, são também a representação de uma sociedade onde está se perdendo o respeito pelos valores morais fundamentais, pelas leis, pela vida e, sobretudo, o respeito ao próximo. Esses indivíduos esqueceram ou talvez nunca ouviram falar daquela grandiosa lição, "ama ao próximo como a ti mesmo". Onde esse amor foi parar? Talvez nunca encontremos essa resposta.

  

 

 

Elaborado em março/2015

 

Como citar o texto:

SANTOS, Luiz Tiago Vieira..Uma Doença Invisível De Cura Improvável. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 23, nº 1244. Disponível em https://www.boletimjuridico.com.br/artigos/cronicas/3563/uma-doenca-invisivel-cura-improvavel. Acesso em 30 mar. 2015.

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